Opinião: Uber dos repositores

Michel Jasper

Ontem saiu a seguinte matéria na revista EXAME:

Startup de Curitiba cria Uber dos repositores de supermercado.

“Serviço já tem 120 empresas clientes, dentre elas Coca-Cola, Ambev e Philip Morris, além de 16 mil repositores cadastrados.”

Muitas pessoas me mandaram essa matéria, pedindo minha opinião a respeito do tema. Isso é ótimo, significa que, de certa forma, minha opinião é importante para as pessoas que me seguem. Não é uma verdade absoluta, opinião é pessoal e cada um tem a sua.

Sobre o tema, confesso que não é novidade, pois já conhecia a empresa e esse modelo de contratação de serviços via aplicativos é o futuro. Cada dia mais, este modelo irá crescer em todas as áreas: na verdade já existem em áreas que vocês nem imaginam, talvez até na sua.

A matéria usa o termo repositor, mas o APP é voltado para promotores de venda da indústria, não necessariamente para o supermercadista. Este também tem em sua equipe o que popularmente é chamado de repositor ou operador de loja, isso gerou uma confusão no entendimento para alguns supermercadistas que me procuraram.

Falando pelo lado da indústria, como tudo na vida, existe o lado positivo e negativo: para empresas, em termos de custos e questões legais, é algo ótimo para a indústria. Ter alguém disponível para abastecer o PDV é muito importante, mas o trabalho do promotor vai muito além da reposição, ele é uma peça chave na estratégia da marca.

Mais de 80% das decisões de compra são tomadas no PDV, e só abastecer não é o suficiente: entender técnicas de merchandising e de como o shopper se comporta é muito importante. Duvido que um profissional de app tenha esse conhecimento, até porque, cada marca de produto tem sua estratégia própria.

Acho que, para suprir uma demanda rápida de abastecimento, é muito interessante a proposta, mas para uma estratégia mais profunda não funciona. Mais do que nunca, a estratégia no PDV se faz necessária, afinal as lojas estão menores e o sortimento só aumenta. O cliente busca novidades e quer diferenciação, já se foi o tempo em que o varejo era só colocar na prateleira e vender.

Quem só pensa em custo morre rápido e perde espaço: usar o APP como única forma de garantir presença no PDV pode ser um tiro no pé. O ideal é organizar, com a área de trade, uma equipe de reposição através do APP e ter uma equipe mais estratégica para merchandising e promoção.

Falando pelo varejista, existe também toda uma questão de segurança, não só na parte legal e trabalhista, que também precisa de atenção, mas, também na prevenção de perdas e controle: não acho interessante qualquer um ter acesso ao estoque. Sim, eu sei que eles tem cadastro e identificação, mas não deixa de ser um desconhecido entrando nas dependências da loja. Um dos grandes problemas do varejo é prevenção de perdas, mais do que nunca, ter profissionais qualificados e de confiança é importante.

Agora falando do lado do repositor – promotor -, acredito que financeiramente é viável, mas assim como no UBER, é a produtividade o que vai garantir seu ganho. Na minha opinião é assim que deve ser em todas as profissões, quanto mais você produz, mais você ganha.

Autor:
Michel Jasper

Trabalho no setor varejista há mais de 18 anos, com foco na área Operacional, Trade Marketing, Gestão de Pricing e Gerenciamento de Categoria. Já atuei nas maiores redes varejistas do País em cargos de gerência, supervisão, trade marketing, gestão de pricing e gerenciamento de categoria e merchandising.

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