Remover o corredor de bazar pode aumentar suas vendas.

Seção de bazar, presente em supermercados e lojas de departamento, tem sido alvo de questionamentos sobre sua eficácia e relevância.
Opinião
Supermercado
Michel Jasper
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Nos últimos tempos, o varejo tem passado por uma verdadeira revolução. Com a evolução dos hábitos de consumo e o avanço das tecnologias, os consumidores estão mais exigentes e em busca de experiências de compra que vão além do tradicional.

Nesse cenário, a seção de bazar, presente em supermercados e lojas de departamento, tem sido alvo de questionamentos sobre sua eficácia e relevância.

Minha recomendação é: remova o corredor de bazar, mas não os SKUs de bazar de sua loja. Calma, eu explico.

O bazar sempre foi conhecido por oferecer uma variedade de produtos não alimentares, como utensílios domésticos, pequenos eletrodomésticos e itens de decoração, geralmente a preços competitivos.

No entanto, o consumidor moderno procura praticidade e conveniência. Encontrar esses produtos em um corredor isolado pode não ser mais a melhor estratégia para atrair a atenção dos shoppers e aumentar as vendas.

Hoje o bazar em um supermercado de em média 1000m2, tem uma participação na venda de 5%, mas é comum as lojas destinarem essa categoria em um corredor inteiro, em algumas lojas o share de gondola chega a 18%, o que não faz sentido.

Em vez de manter um corredor exclusivo para o bazar, a ideia é distribuir esses produtos em categorias relacionadas dentro da loja, essa estratégia visa aumentar as chances de compra ao posicionar os itens onde os clientes naturalmente os procurariam ou onde possam ser influenciados a considerá-los.

Em vez de colocar garrafas térmicas em um corredor separado, por que não as posicionar ao lado dos cafés? Dessa forma, o cliente que está buscando seu café favorito pode se deparar com uma garrafa térmica nova, percebendo a conveniência de levar ambos os produtos juntos. Essa proximidade estimula a compra por impulso e agrega valor à experiência do cliente.

Adotar essa estratégia traz múltiplos benefícios tanto para o varejista quanto para o consumidor:

  1. Maior Conveniência para o Cliente: Ao encontrar produtos complementares no mesmo espaço, a jornada de compra se torna mais simples e agradável. O cliente economiza tempo e tem suas necessidades atendidas de forma mais eficiente.

2. Aumento das Vendas Cruzadas: Produtos relacionados expostos juntos tendem a incentivar o cliente a adquirir mais itens do que inicialmente planejou, elevando o ticket médio e a rentabilidade da loja.

3. Otimização do Espaço: Eliminando corredores específicos de baixo desempenho, é possível utilizar o espaço de forma mais inteligente, destacando categorias que geram maior interesse e vendas.

Essa prática já é adota em vários países, recentemente, visitei uma rede em Porto Rico, ela usa essa estratégia há quase dois anos, segundo eles tiveram um ótimo incremento de margem e aumento do ticket médio.

Em duas redes que usam o sistema de planograma da Web Jasper, fizemos um piloto e tivemos o mesmo resultado, aumento de venda, aumento de margem e ticket médio, e ainda reduzimos em 17% os SKUs da categoria.

A estratégia de integração pode ser aplicada em diversas categorias:

  • Utensílios de Cozinha: Posicionar acessórios culinários próximos aos ingredientes que exigem seu uso. Utensílios para sushi, por exemplo, podem ficar ao lado de alimentos asiáticos, inspirando o cliente a experimentar novas receitas.
  • Acessórios para Pets: Colocar brinquedos e coleiras ao lado das rações facilita a vida dos donos de animais, que podem lembrar da necessidade de um novo acessório enquanto escolhem a alimentação do pet.

  • Produtos de Higiene Pessoal: Lâminas de barbear e espumas podem ser posicionadas junto aos produtos de cuidados masculinos, incentivando a compra conjunta.

Para que essa estratégia seja eficaz, é fundamental compreender os hábitos e necessidades dos clientes. Análises de dados de vendas e observação do fluxo de pessoas na loja podem fornecer insights valiosos sobre quais produtos devem ser integrados e onde devem ser posicionados.

A tecnologia desempenha um papel crucial nesse processo, ferramentas de planograma e análise de dados ajudam a identificar padrões de compra e preferências dos clientes, permitindo que o varejista tome decisões informadas sobre a disposição dos produtos.

Como profissional do varejo, acredito que a integração de produtos é uma tendência que veio para ficar. Os consumidores de hoje valorizam experiências de compra que sejam rápidas, intuitivas e que agreguem valor ao seu dia a dia.

Ao eliminar barreiras e facilitar o acesso a produtos complementares, o varejista não só aumenta as vendas, mas também fortalece o relacionamento com o cliente.

É importante ressaltar que essa estratégia deve ser implementada de forma planejada, nem todos os produtos do bazar devem ser redistribuídos indiscriminadamente.

É essencial analisar quais itens realmente têm sinergia com outras categorias e como essa integração pode beneficiar o cliente.

Desafios e Cuidados na Implementação.

Embora os benefícios sejam claros, a integração de produtos também apresenta desafios, é necessário garantir que a loja mantenha uma organização lógica, para que o cliente não se sinta confuso.

A sinalização adequada e o treinamento da equipe são fundamentais para orientar os shoppers e proporcionar uma experiência positiva.

Além disso, é importante monitorar constantemente os resultados dessa estratégia, através de feedback dos clientes e análise de vendas, o varejista pode ajustar a disposição dos produtos e aprimorar a abordagem conforme necessário.

O varejo está em constante transformação, e adaptar-se às mudanças é essencial para se manter competitivo. Repensar a seção de bazar e integrar produtos em categorias relacionadas é uma maneira eficaz de atender às expectativas do consumidor moderno.

Em vez de manter um corredor de bazar que pode passar despercebido, distribuir esses produtos de forma estratégica pela loja pode revitalizar as vendas e melhorar significativamente a experiência de compra.

É uma oportunidade de inovar e oferecer ao cliente exatamente o que ele procura, no momento e local certos.

A questão não é mais se o bazar ainda tem espaço nas lojas, mas sim como ele pode ser reinventado para agregar valor tanto para o cliente quanto para o varejista. Integrar produtos de bazar em categorias correlatas, utilizar insights de dados para orientar decisões e focar na conveniência do shopper são passos fundamentais para o sucesso nessa nova era do varejo.

Entender e adaptar-se às preferências em constante mudança dos consumidores é crucial. Aqueles que estiverem dispostos a inovar e repensar suas estratégias estarão mais bem posicionados para prosperar no mercado atual e futuro.

Autor(a)
Michel Jasper

Trabalho no setor varejista há mais de 18 anos, com foco na área Operacional, Trade Marketing, Gestão de Pricing e Gerenciamento de Categoria. Já atuei nas maiores redes varejistas do País em cargos de gerência, supervisão, trade marketing, gestão de pricing e gerenciamento de categoria e merchandising.

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