Um dos maiores desafios das Multinacionais quando chegaram no Brasil foi lidarem com a legislação trabalhista. Um desafio que sempre existiu no Brasil, onde processar a empresa era umas das etapas do processo de desligamento: não importava o motivo da demissão, sempre havia uma brecha para um processo.
Um dos principais motivos de processos na época era pelo fato de ser obrigatório cantar o “Jingle” da empresa antes do início do trabalho, muitos alegavam constrangimento e exposição desnecessária.
Estamos em 2021 e umas coisas que está em alta são as dancinhas do TIK TOK e REELS, mas quais os pontos negativos de colocar seu colaborador para dançar dentro do ambiente de trabalho?
Dancinhas, memes, piadas e brincadeiras estão em alta nas redes sociais, e mais do que nunca as empresas estão entendo que não basta estar presente nas redes sociais, é preciso acompanhar as trends do momento e, para isso, vale tudo, ou quase tudo.
Tudo isso gera muitos likes e interações, o algoritmo entende isso e melhora o posicionamento da página da empresa nas redes sociais, gerando mais visibilidade e mais alcance: esse é o caminho para gerar mais vendas e melhorar a presença da marca.
Mas existe o jeito certo e o jeito errado de fazer isso.
Recentemente vi um vídeo onde muitos colaboradores dançavam a dança do momento no meio de um supermercado, todos pareciam alegres e se divertindo o que é ótimo, mas será que realmente estavam felizes ou era apenas para manter seus empregos? Ou para não decepcionar o chefe?
Existem colaboradores que são mais tímidos e reservados, mas têm receio de se negar, o que pode ser bem ruim, já que não faz parte do perfil dele. Resultado: ele ficará desconfortável e desmotivado, o que será um problema ainda maior.
Esse é o primeiro ponto a ser analisado, alguns colaboradores realmente gostam de participar, de estar presente nas redes e isso é ótimo. Identificar esses colaboradores é muito importante, assim como entender que existe um processo que deve ser feito para garantir a segurança de ambos os lados.
Termo de uso de imagem é o primeiro passo: você precisa sim de uma autorização legal para expor o colaborar nas redes sociais e/ou vincular sua imagem à empresa, outro ponto é a frequência: ele vai fazer isso com regularidade? Então deve receber por isso, afinal, não pode haver desvio de função.
Outro ponto é que, no momento que você se expõe na rede está vulnerável a tudo: comentários ofensivos, piadas, haters e até assédio, será que o colaborador está preparado para isso? Será que a empresa está preparada para lidar com isso? A empresa consegue monitorar os comentários ofensivos e preservar o colaborador?
Todas essas perguntas precisam ser respondidas, o bem-estar e a satisfação do colaborar devem vir em primeiro lugar: acredite a saúde mental da equipe também é responsabilidade da empresa.
Calma, existe sim o jeito certo de fazer as coisas, de aproveitar a “trend” e ganhar força nas redes sociais, então vou dar algumas dicas:
As redes sociais são uma ótima ferramenta se utilizadas com conhecimento e estratégia, não faça nada sem a orientação da sua equipe de marketing e jurídico.
- Invista em influenciadores e micro influenciadores, eles são preparados e entendem a dinâmica das redes sociais, além de trazerem um público mais engajado, segmentado e regionalizado;
- Contrate uma pessoa ou equipe para a função de influencer da sua marca: essa pessoa já vem para fazer isso com exclusividade, vai dedicar tempo e atenção as redes, ela vai analisar o que vale ou não vale a pena fazer;
- Use seu time com sabedoria, deixe o time à vontade para escolher ou não participar, sempre cuidando da parte legal do processo;
- Nem sempre você precisa acompanhar as trends do momento: quando aquela dancinha não combina com seu negócio ou publico alvo, deixe passar sem problema;
- É possível crescer, ter engajamento com um conteúdo mais tradicional padrão, mas ter constância e relacionamento: nem tudo se resume a dançar e fazer piada para seu cliente.
As redes sociais são uma ótima ferramenta se utilizadas com conhecimento e estratégia, não faça nada sem a orientação da sua equipe de marketing e jurídico.
Trabalho no setor varejista há mais de 18 anos, com foco na área Operacional, Trade Marketing, Gestão de Pricing e Gerenciamento de Categoria. Já atuei nas maiores redes varejistas do País em cargos de gerência, supervisão, trade marketing, gestão de pricing e gerenciamento de categoria e merchandising.